A Influência positiva do meu convívio com cães no meu tratamento contra a Depressão

São exatamente 03:25 da madrugada e eu estou sentada no meio da cama olhando a Luna dormir… É uma conexão tão louca e intensa que está me dando cada vez mais coragem de  ir mais além do que eu achava que podia. Luna é força, é companheira, é sensitiva, é quem percebe quando eu vou ter uma crise de ansiedade e deita comigo na cama antes mesmo que eu tenha. O curioso é que eu não encomendei ela, não mandei ninguém criar um cão assim, e nem que eu tivesse esse poder, viria com tanta perfeição como Luna veio na minha vida. Sendo o meu suporte emocional de todas as horas.

Suporte emocional? Como assim? Calma, vamos recapitular e voltar uns anos atrás: Na infância, aos 6 anos de idade, tive meu primeiro diagnóstico de depressão. Sim, aos SEIS anos. Minha mãe engravidou do meu irmão mais novo e eu simplesmente não aceitei e fui me boicotando já com essa idade. Eu nem sabia o que era saúde mental: mas já fazia terapia. Isso tudo em 2004.

Os anos se passaram, terapia vai, terapia vem, hiatos entre uns psicólogos e outros e eu posso dizer que consegui conviver bem com a doença durante minha infância e parte da adolescência.

Durante esse tempo, tive a ajudinha da Fanny por 10 anos – minha irmã de 4 patas, que era a alegria da casa. Naquela época eu só sentia, mas não sabia que ela era um grande exemplo de ESAN (animal de suporte emocional). Em 2015 comecei a ter repetidas crises de ansiedade e precisei entrar com a intervenção de psicotrópicos, fui me tratando e convivendo com a doença de forma equilibrada. Até aquele momento, pelo menos.

Infelizmente, em 2019 junto com a pandemia, vieram vários gatilhos: Home Office de um escritório de advocacia, reforma no apartamento, vovó quebrou o fêmur numa queda, e, o diagnóstico de que Fanny estava na fase terminal de um carcinoma inflamatório. Meu mundo desmoronou e a partir daí foi só ladeira abaixo.

Depois de muito relutar, pedi demissão do escritório para cuidar da minha saúde (apesar de ser muito difícil pois me cobro muito) e dar atenção a quem eu amava: vovó e Fanny. 

Minha avó, graças a Deus, foi melhorando gradativamente e hoje, já anda normalmente… E Fanny, infelizmente, foi de 100 a 0 muito rápido. O carcinoma tomou conta de todo o corpinho dela, fizemos todos os tratamentos possíveis e nada, então ficamos apenas no paliativo pra ela viver o máximo de tempo conosco tendo um fim de vida com dignidade e menos sofrimento possível. Sustentamos isso por algum tempo, até Fanny parar de comer, beber água, andar, precisar de oxigênio pra respirar, ficar com incontinência urinária e vários outros problemas onde, as lágrimas caem ao lembrar, tivemos que optar pela eutanásia, pois seria puro egoísmo nosso mantê-la conosco naquele estado. Foi e é uma dor que não tenho palavras pra explicar. Perdi uma irmã. Uma amiga. Um suporte. E ficou o vazio… 

Depois disso, vieram várias fases na minha vida: Automutilação, uma forte crise depressiva, aversão a minha área de formação, dependência de remédios psicotrópicos e um vazio imenso, a sensação é que eu tinha perdido meu propósito, meus sonhos, minha vontade de viver… Até chegar a ter uma overdose de psicotrópicos, eu cheguei. Meus pais queriam me internar, mas, graças a Deus mais uma vez, tenho pais que são meus melhores amigos na saúde e na doença e eles me escutaram quando eu pedi pra ficar em casa. Conversa vai, conversa vem, e eu desabafei algo que meus pais ainda não tinham superado: A ideia de um novo cachorrinho.

Foi assim que Luna chegou: Com o intuito de aliviar minha tristeza e trazer bons momentos pra minha vida. O que eu não sabia ainda é que ela seria capaz de MUDAR a minha história:  

Com Luna eu tenho motivos pra levantar da cama, tenho minhas responsabilidades, tenho motivos pra continuar lutando, afinal, tenho uma filha que precisa muito de mim, comecei a conhecer vários outros tutores de bulldog francês daqui de Recife e comecei a conversar on-line de forma empolgada novamente, como já não havia mais acontecido faz tempo. Entrei no Bando, o melhor clube de experiências petfriendly em linha reta da galáxia. Muitos não sabem das minhas condições emocionais, mas me tratam como amiga, como família, e tenho a certeza de que eles estariam à disposição para me ajudar em qualquer situação que fosse. No Bando eu me ocupo, troco experiências, saio de casa, vou à encontros com Luna, fiz vários amigos(as) é foi como se eu tivesse achado um lugar que me coubesse no mundo outra vez.

Luna também me trouxe um novo propósito, na verdade, bem novo mesmo: Uma causa a que lutar. Ela me fez e está me fazendo amar estudar advocacia animalista (área de formação que eu criei aversão, lembra?), os direitos dos animais e de seus tutores. Aqui no nosso Estado ela ainda não pode ser reconhecida/registrada como cão de suporte emocional porque não está listado no rol de “cães de serviço”, mas sei que tem uma galera nessa luta na qual agora eu também faço parte. Já temos projeto de lei em trâmite e com muita garra vamos conseguir alcançar esse objetivo. Cães ESAN (de suporte emocional) já são reconhecidos em vários estados aqui no Brasil e também mundo afora.

Algumas pessoas ainda não acreditam, mas existe uma grande influência dos animais de estimação na vida (e na autoestima!) das pessoas. Atualmente existe um trabalho feito com animais, também como forma de terapia, onde o objetivo é que os animais tragam conforto e carinho para pessoas enfermas. É fato que conviver com animais dóceis traz alegria e bem-estar, e o convívio é sempre agradável e reconfortante.

Os animais de estimação são capazes de transmitir a sensação de bem-estar por serem carinhosos e cuidarem das pessoas que estão ao seu redor, de forma pura e sincera. O nosso cérebro é capaz de reconhecer um gesto sincero e, por isso, os benefícios dessa convivência são sempre muito positivos.  

Por isso, a psicologia apoia a convivência com animais de estimação, em benefício tanto para o animal, quanto para o dono, afinal, o bem-estar é recíproco.

Principais benefícios dos animais de estimação para a saúde mental:

1. Cura a solidão: O pet pode ser uma excelente forma de companhia, dando a sensação de segurança e afeto. Também é uma ótima forma de amenizar o sofrimento do isolamento social de pessoas que sofrem de depressão severa e outros transtornos;

2. Restaura o amor próprio: Ter um animal de estimação também estimula o sistema límbico do cérebro, ligado às emoções;

3. Diminui o estresse e a depressão: O próprio nome diz: animal de estimação, ou seja, é um ser a estar numa relação de carinho e afeto, ser estimado por alguém. Isso por si só, já automaticamente estabelece uma correlação direta com o nosso estado depressivo ou de ansiedade e estresse. 

4. Dá motivação e vida social: A estimulação criada pela rotina de levar para passear, ou propiciar jogos recreativos faz com que a vida social seja mais prazerosa do que a reclusão. 

O reaquecimento do convívio social é parte importante para a saúde mental. 

5. Cria a responsabilidade: Manter um animal de estimação criará senso de responsabilidade para com ele, já que será necessário ter uma rotina diária de alimentação, cuidados, higiene, levar para fazer seus exercícios etc. 

6. Traz felicidade: Cientificamente, a relação de afeto, cuidado e sensibilidade aumenta os níveis de oxitocina que estimula, por sua vez, a produção de serotonina e dopamina. O que significa isso? O cérebro produz substâncias como a serotonina, que tem ligação com a diminuição do sentimento de solidão e da depressão. 

Lembrando mais uma vez que: Luna não me trouxe a cura, ela não é um remédio, não é um objeto, Luna é um ser vivo que requer tantos cuidados quanto eu, que requer diariamente ser regada de amor e carinho, que é quem torna minha vida mais leve e deu um novo sentido a tudo isso. Ela é meu suporte. É minha filha. Sigo em tratamento com psicóloga e psiquiatra, sempre em busca do meu melhor e Luna é minha parceira nessa caminhada, amenizando as dores e recaídas.

Te amo, Lulu! Você foi o melhor presente que eu ganhei nessa vida. Não sei se estaria aqui hoje se você não tivesse caído no meu colinho, só te faltam as asas pra eu acreditar que você é meu anjo da guarda. Nós duas pra sempre! É uma troca de bem-estar mútua e cheia de amor!

Depoimento pessoal por Maria Eduarda Rabello Cavalcante, tutora de uma bulldog francês ESAN (pode ser encontrada no Instagram como @lunabulldoguete) Texto de apoio “Influência e Benefícios dos Animais de Estimação na Vida das Pessoas” por Thaianna Broto, encontrado no endereço eletrônico: https://www.psicologoeterapia.com.br/blo g/infuencia-e-beneficios-dos-animais-deestimacao-na-vida-das-pessoas/

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